O papel das empresas no ecossistema de impacto

“A Amazônia se tornou um espaço fundamental para nós, como uma forma de criar valor social”.

A frase, dita por Luciana Villa Nova, da Natura – que integra a Plataforma Parceiros pela Amazônia -, aponta como cada vez mais empresas tendem a se mover cada vez menos apenas pelo lucro. Das 24 comunidades com as quais a empresa trabalha no Brasil, 25 estão localizadas na Amazônia. Ao todo, cerca de 4.300 famílias trabalham na cadeia produtiva.

“A Amazônia é onde mais desenvolvemos relações sociais como forma de criar valor. O desenvolvimento territorial não acontece se a gente não trabalha a educação. Por isso temos as Escolas-Família Rurais e buscamos fomentar geração de trabalho e renda, valorização cultural e conservação ambientai”, analisou Luciana em mesa sobe o tema durante o FIINSA.

O Programa Amazônia, lançado pela Natura em 2011, gerou R$ 1,2 bilhão em negócios na região entre 2012e 2017 e movimentou R$ 146 milhões na compra de insumos da biodiversidade local no ano de 2017.

A relação da Coca Cola e da Ambev com a região amazônica é também semelhante no que diz respeito a fomentar o impacto socioambiental. As duas empresas integram também a Plataforma Parceiros pela Amazônia, e a relação é com a cadeia do guaraná.

“Abrimos uma frente chamada Aceleradora Ambev, buscando encontrar startups ligadas aos pilares da água e recursos naturais, produtores rurais, embalagens, mudanças climáticas e empreendedorismo. Escolhemos cinco para financiar e dar suporte, e uma delas é da região Amazônica, a AmanaKatu”, informa Giulia Setembrino.

Com a USAID e o IDESAM, a Ambev integra o programa Aliança Guaraná, que olha de modo holístico para a cadeia de valor, com o objetivo de envolver a comunidade em ações colaborativas, buscando gerar mais valor para a cadeia de produção e melhorar a qualidade de vida. “Nossa relação com Maués vem desde 1921, desde quando foi lançado o guaraná Antártica. Sempre atuamos muito próximos aos produtores. Temos uma fazenda local que desenvolve e doa mudas e criamos uma aliança para ser espaço permanente de troca, porque os produtores ficam muito isolados. Podemos ajudar de diversas formas, porque os gargalos variam para cada produtor. Para alguns, pode ser recurso para contratar mão de obra. Para outros, pode ser a transparência de preço”, diz Giulia.

O desenvolvimento de técnicas agrícolas e aprimoramento do fruto também é parte do trabalho da Ambev, buscando criar produtos que agreguem valor, como o pó de guaraná. Criar novos produtos que colaborem com a atividade dos produtores e ajudem a criar mais oportunidades de geração de renda, por exemplo. Ainda no radar estão a certificação orgânica e a rastreabilidade.

Flávia Neves, da Coca Cola, aponta o atual momento como rico no sentido de ser uma oportunidade de promover mudanças de modelo mental e de atitude, com a possibilidade de testar e adotar novos modelos e furar bolhas de empresas e organizações não governamentais.

“Temos 28 anos de presença no Amazonas, com 11 mil empregos gerados, projetos de acesso à água, preservação de 100 mil hectares em parceria com a FAS e uso de matéria prima local. E um projeto ligado ao açaí em Carauari, no qual somos um ator entre vários, como Natura, USAID e Sitawi, por meio do qual buscamos fomentar o empoderamento de todo um ecossistema com o fortalecimento da cadeia logística do fruto nesse território, capacitação técnica e conexão com o mercado”, diz Flávia.

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