
A participação da MJV no FIINSA abordou os futuros possíveis para a Amazônia 2030
A MJV participou ativamente, por meio de uma oficina temática, da 2a edição do Festival de Investimento de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (FIINSA),
A realização do 1º Fórum de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis na Amazônia (FIINSA), nos dias 13 e 14 de novembro de 2018, mostra o quanto há atenções voltadas para o tema. Reunindo centenas de pessoas em Manaus, uma das capitais da floresta amazônica, o evento promoveu debates e conexões relacionados aos principais temas do setor, uma feira de negócios amazônicos, investimentos de mais de R$ 1 milhão em 04 startups durante uma rodada de negócios ao vivo no melhor estilo “shark tank” e distribuiu R$60 mil para outros 04 empreendedores de destaque no Programa de Aceleração da PPA, que já figura como uma das maiores aceleradoras de negócios de impacto da região Norte do Brasil.
Mariana Pavan, uma das organizadoras do FIINSA, avalia o pitching:
Olhando para a região que concentra a maior sociobiodiversidade do planeta, mas que sofre historicamente com trajetórias de desenvolvimento predatório e representa apenas 8% do PIB brasileiro, hoje existe consenso que não é possível manter a floresta em pé sem melhorar a qualidade de vida das populações que habitam a Amazônia.
Em regiões mais urbanas, como as capitais, o ecossistema de negócios de impacto já estão em plena ebulição e startups parecem enfrentar desafios mais ou menos semelhantes que os de outras regiões do país. No entanto, quando olhamos para as zonas rurais ou ribeirinhas, nas regiões mais remotas da Amazônia e nas fronteiras do desmatamento, a história é outra. É lá que estão surgindo verdadeiros negócios da floresta, startups da restauração florestal e empreendimentos inovadores para a produção sustentável de alimentos.
Nessa categoria estão os extrativistas de cacau e castanhas; os Yanomami, que produzem cestaria e cogumelos desidratados e usam seu conhecimento para identificar as espécies passíveis de consumo; os Baniwa, com o beneficiamento e venda de pimenta; os ribeirinhos que extraem cacau de várzea; os colonos de Apuí que cultivam café agroflorestal; o Encauchados Vegetais da Amazônia, que desenvolve e reaplica tecnologia social que transforma o látex em produtos de mercado envolvendo povos indígenas, seringueiros, ribeirinhos, quilombolas e assentados; a Peabiru Produtos da Floresta, que compra mel e colmeias de agricultores familiares gerando renda a populações de jovens e mulheres. Comunidades que integram e/ou desenvolvem cadeias de produção e negócio junto a uma rede de parceiros, apresentando produtos com o grande diferencial da marca Amazônia, que tem um apelo bastante forte junto ao público.
Um primeiro portfolio de negócios de impacto da Amazônia, agrupado através de uma chamada de investimentos da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), revelou um universo inicial de 81 negócios nas mais diversas áreas: tecnologia verde ligada à promoção de agricultura e pecuária sustentável, manejo florestal sustentável e valorização dos produtos da sociobiodiversidade, combate ao tráfico de animais e à exploração madeireira ilegal, além de projetos de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Desse mapa foram selecionados 15 negócios, que participarão do Programa de Aceleração PPA. 2018. Quatro deles participaram da rodada de negócios durante o FIINSA e os demais apresentaram seus negócios a uma banca, em estilo pitching, dos quais quatro foram selecionados pelo Prêmio Empreendedor PPA, recebendo R$15 mil cada.
Um dos co-investidores da PPA, a Conexsus, que lançou o Laboratório de Investimento Negócios de Impacto Socioambientais durante o FIINSA, mapeou, em 2018, 396 iniciativas comunitários na Amazônia, ligados aos setores de apicultura, aquicultura e pesca, artesanato, extrativismo vegetal, horticultura, lavoura permanente e temporária, produção animal e silvicultura.
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“É nossa perspectiva que um futuro tangível só vai acontecer com novos atores e com investimento de impacto e sustentável. Nos vemos como facilitadores, e com instrumentos como a Plataforma Parceiros Pela Amazônia queremos criar espaço para que os líderes que têm décadas de experiência fazendo pesquisa e investindo na Amazônia, envolvendo cadeias de valor com comunidades, encontrem soluções para um novo modelo econômico sustentável para a Amazônia”, avalia Michael Eddy, da USAID, uma das instituições fundadoras e apoiadoras da PPA.
“O nosso ecossistema de impacto ainda é um pouco incipiente. Nós temos alguns bons casos, mencionados e enaltecidos pelo FIINSA, mas para que esse ecossistema realmente gere o tipo de mudança esperada e necessária para tornar a Amazônia mais próspera, precisa crescer num ritmo bastante acelerado. Daí a importância do FIINSA, que tem o mérito de abrir a cabeça de mais pessoas para vislumbrar o que é possível no futuro”, avalia Denis Minev, CEO do Grupo Bemol/Fogás, conselheiro da PPA e um dos investidores na rodada de negócios. “Esse é o início de uma conversa com a sociedade, utilizando os recursos disponíveis. Mais à frente devemos ter resultados já mais ligados a investimentos realizados pela PPA, que devem mostrar frutos no próximo ano.”
Durante o FIINSA, foi também lançado o estudo Investimento na Amazônia: Caminhos para o desenvolvimento sustentável, realizado pela SITAWI Finanças do Bem com apoio da USAID, CIAT, IDESAM e PPA.
Veja depoimento de Virgilio Viana, da FAS, sobre o FIINSA:
Investir em produtos com a marca Amazônia parece, na avaliação de Paulo Belloti, da Mov Investimentos, a integração quase perfeita da tese de investimento com a tese de impacto. Belloti destacou, durante participação no FIINSA, que na última década a Mov destinou quase R$ 232 milhões para a região amazônica, aplicados em empresas como Amata Brasil (que faz a ponte entre a floresta e o mercado consumidor ao disponibilizar madeira certificada, produzida com responsabilidade socioambiental e garantia de origem), Biofílica Investimentos Ambientais (focada na gestão e conservação de florestas a partir da comercialização de serviços ambientais, pesquisa, desenvolvimento socioeconômico de pessoas e comunidades e intermediação de negócios entre produtores e proprietários de matas nativas), Mar & Terra (especializada na reprodução de espécies amazônicas, como o Pirarucu e o Pintado) e a Órigo Energia (que embora não esteja baseada na região, trabalha também para levar energia solar a comunidades isoladas na Amazônia).
Outro fundo que vem investindo na região é o Kaeté, que tem entre os negócios impulsionados a Peixes da Amazônia (complexo de piscicultura dedicado à reprodução e processamento de peixes nativos da Amazônia), Dom Porquito (produção de suínos em parceria com pequenos e médios produtores integrados) e a Ouro Verde Amazônia (modelo sustentável de agregação de valor em produtos florestais não madeireiros).
No entanto, tanto os recursos da Mov quanto os do Kaeté buscam negócios que já estejam faturando ou próximos de faturar a partir de R$ 3 milhões (caso da primeira) ou de R$ 10 milhões. Isso reduz muito a oportunidades de investimento, já que a maioria dos negócios de impacto na Amazônia ainda estão em estágios iniciais e precisam de mais tempo (e investimento apropriado) para atender aos critérios dos grandes investidores.
Uma das apostas para melhorar essa situação são os modelos de investimento híbridos, conhecidos como blended finance, que misturam diversos tipos de capital (doações, empréstimos, equity, garantias, etc.) para impulsionar negócios e empreendedores em fases iniciais. Institutos e fundações privadas, por exemplo, também já estão entrando nesse campo, com resiliência para esperar um pouco mais o retorno do investimento. Muitas vezes podem prover capital semente ou outras modalidades para que os negócios se organizem e estejam prontos ou comecem a escalar, e possam então contar com aportes maiores de investidores.
No Brasil, embora ainda tímido, esse movimento vem aos poucos se acomodando. Uma das experiências nesse sentido é a constituição do FIIMP – Fundações e Institutos de Impacto. O grupo, composto por 22 fundações e institutos familiares, empresariais e independentes, foi criado em 2016 e vem se estabelecendo como uma rede de aprendizado. Experimentando o uso de diferentes instrumentos financeiros, cada investidor apostou R$ 10 mil dólares para iniciar as atividades do FIIMP em 2017. O processo foi sistematizado em um guia explicativo. Outra fonte interessante sobre o tema é a publicação Olhares sobre a atuação do investimento social privado no campo de negócios de impacto.
Para Fabio Deboni, do Instituto Sabin – que integra o FIIMP – o movimento vem aos poucos ganhando aderência no país. “Ele é recente, ainda não há muitas fundações trabalhando nisso, mas já existe um acúmulo. Nós, enquanto institutos e fundações, estamos buscando identificar exatamente como podemos somar e contribuir no campo dos negócios de impacto. O trabalho de coalizão e co-investimento deve se intensificar. Mais institutos vão embarcar”.
Para Patrícia Daros, Diretora de Operações do Fundo Vale, “O ecossistema de finanças de impacto se desenvolveu muito no sudeste do país, mas na Amazônia, onde o Fundo atua, é uma novidade que tem muita sinergia com a estratégia que temos desenhado para o desenvolvimento de negócios de base florestal”, afirma.
→ Confira entrevista sobre o tema clicando aqui
Outro que avalia a possibilidade de aderir ao mecanismo de blended finance é o Fundo Amazônia, que contabiliza 102 projetos apoiados e R$ 1.011 milhões desembolsados, também coloca essa possibilidade no futuro próximo. “É possível que os recursos do Fundo possam ser combinados com recursos privados ou de outras fontes, para catalisar os investimentos que já são feitos e alavancar os negócios na região, conseguindo escala e atração de outros recursos”, diz Daniela Baccas, do Fundo Amazônia/BNDES, em mesa temática durante o FIINSA.
→ Leia mais sobre investimento de impacto na Amazônia
Daniela Baccas fala sobre o Fundo Amazônia e a importância do FIINSA:
“A Amazônia se tornou um espaço fundamental para nós, como uma forma de criar valor social”.
A frase, dita por Luciana Villa Nova, da Natura – empresa fundadora da Plataforma Parceiros pela Amazônia -, aponta como cada vez mais empresas tendem a se mover cada vez menos apenas pelo lucro. Das 24 comunidades com as quais a empresa trabalha no Brasil, 25 estão localizadas na Amazônia. Ao todo, cerca de 4.300 famílias trabalham na cadeia produtiva.
Luciana Villa Nova fala sobre a atuação das empresas comprometidas com a sustentabilidade.
O Programa Amazônia, lançado pela Natura em 2011, gerou R$ 1,2 bilhão em negócios na região entre 2012 e 2017 e movimentou R$ 146 milhões na compra de insumos da biodiversidade local no ano de 2017.
A relação da Coca Cola e da Ambev com a região amazônica é também semelhante no que diz respeito a fomentar o impacto socioambiental. As duas empresas integram a Plataforma Parceiros pela Amazônia, e a relação é com a cadeia do guaraná.
“Na Ambev, abrimos também uma frente chamada Aceleradora Ambev, buscando encontrar startups ligadas aos pilares da água e recursos naturais, produtores rurais, embalagens, mudanças climáticas e empreendedorismo.
Escolhemos cinco para financiar e dar suporte, e uma delas é da região Amazônica, a Amana Katu”, informa Giulia Setembrino, representante da Ambev, outra empresa fundadora da PPA.
Flávia Neves, da Coca Cola, aponta o atual momento como rico no sentido de ser uma oportunidade de promover mudanças de modelo mental e de atitude, com a possibilidade de testar e adotar novos modelos e furar bolhas de empresas e organizações não governamentais.
→ Leia mais sobre o papel das empresas no ecossistema dos negócios de impacto
Liderar a construção de soluções inovadoras para o desenvolvimento sustentável na Amazônia junto a empresas e ao setor privado é o objetivo da Plataforma Parceiros pela Amazônia (PPA), criada em 2017.
A PPA reúne atualmente 14 instituições guiadas por esse foco, tendo a coordenação executiva exercida pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável da Amazônia (IDESAM), com apoio da Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e Centro Internacional de Agricultura Tropical (CIAT).
Suas áreas de atuação incluem investimento de impacto, incubação e aceleração de empreendedores, realização de estudos estratégicos para ampliação de investimentos, estabelecimento de parcerias entre empresas, comunidades e governos e engajamento e comunicação estratégica.
“A PPA se fez a pergunta que acho que poucas organizações da sociedade civil e governos se fazem, que é como maximizar o impacto positivo com recursos limitados, tanto financeiros quanto humanos. Inspirado nos moldes de um grupo já apoiado em São Paulo, criou-se esse grupo na Amazônia para encontrar soluções que não encontramos no passado. Uma delas é a realização do FIINSA”, avalia Denis Minev, empresário e investidor anjo, integrante da PPA.
Denis Minev fala sobre o papel estratégico da PPA:
Veja depoimento de Michael Eddy, da Usaid, sobre a atuação da instituição no ecossistema de negócios de impacto na Amazônia:
Encontrar modelos inovadores, que ofereçam novas perspectivas e arranjos que contribuam para o surgimento de novos modelos de desenvolvimento para a região amazônica, é também um desafio grande nesse contexto.
Organizações da sociedade civil vêm trilhando caminhos ousados para driblar esse dilema, trabalhando no ecossistema de negócios de impacto com diferentes abordagens. Isso não quer dizer abrir mão do capital filantrópico, mas abrir frentes complementares para maximizar o impacto positivo.
É o caso do IDESAM, por exemplo, que criou há cerca de quatro anos uma empresa: “Trabalhamos com cadeias produtivas há bastante tempo, e sempre trabalhamos para que essas cadeias se sustentassem sozinhas. Criamos até uma empresa, a Companhia Amazonense de Florestas (Ciaflor) para trabalhar com manejo em apoio a comunidades florestais. Fizemos isso por dois anos, mas não conseguimos dar viabilidade financeira ao negócio, por razões conhecidas no setor florestal, como dificuldade de concorrer com o mercado de madeira ilegal, alta custo de logística e burocracia no licenciamento. Mas essa experiência gerou grandes aprendizados. O que nos levando a criar uma outra empresa, para expandir as operações do Café Agroflorestal Apuí. Estamos seguros que é fundamental ter mais empreendedores nesse meio, trabalhando junto com as ONGs.
Às vezes o grupo com o qual se trabalha não está disposto a fazer a gestão comercial da cadeia e isso dificulta a busca por investidores, ao fim as ONGs acabam tendo que fazer isso, mas com extrema dificuldade por terem limitações legais. Então uma das saídas que encontramos foi criar empresas”, diz Mariano Cenamo, co-fundador do IDESAM e coordenador executivo da PPA.
Caminho semelhante trilhou o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE). Cláudio Pádua rememora um caso em que um potencial cliente solicitou orçamento e achou o serviço caro, dizendo que uma ONG não poderia cobrar isso, porque não era uma empresa. E então o IPE criou uma empresa em 2007, que teve que ser desativada alguns anos depois.
Claudio criou outra empresa, a Biofílica, especializada em criar reservas florestais e gerar créditos de carbono. Os projetos são desenvolvidos com comunidades ou proprietários de áreas na Amazônia. O foco é gestão e conservação de florestas a partir da comercialização de serviços ambientais, investimento em pesquisa, desenvolvimento socioeconômico de pessoas e comunidades e intermediação de negócios entre produtores e proprietários de matas nativas.
A Pecsa, empresa de gestão e parceria agropecuária fundada em 2015 em Alta Floresta, no Mato Grosso, busca transformar a pecuária na Amazônia em um negócio sustentável. Apresentada como um case de sucesso durante o FIINSA, surgiu dentro de uma organização da sociedade civil, o Instituto Centro de Vida (ICV).
O Instituto Peabiru trilhou caminho semelhante e criou a empresa Peabiru Produtos da Floresta. Trabalhando com a cadeia produtiva de mel de abelhas sem ferrão, a dificuldade maior se mostrou na logística, com a produção em diversas comunidades isoladas. Criou-se então a empresa Peabiru Produtos da Floresta, buscando apoiar os gargalos dessa cadeia de valor.
“Acho que criar empresas com ONGs e para ONGs é um caminho. É obrigação das ONGs trabalhar essas cadeias, produtos locais, que têm identidade. Podemos ajudar a intervir nesses mercados e mostrar caminhos. É preciso ter capacidade, nas organizações locais para conduzir esses processos”, diz João Meirelles, do Instituto Peabiru.
A Imaflora seguiu o caminho oposto. Nasceu prestando serviços, em especial demandas por certificação. Tinha 80% de seu recurso proveniente disso. A organização começou a investir também em projetos, e hoje tem 50% em parcerias e doações e 50% em serviços.
A transição para uma economia de baixo carbono e os negócios de impacto na Amazônia têm uma relação muito próxima. O Brasil tem se comprometido internacionalmente, como boa parte do mundo, com essa transição, diretamente relacionada ao acesso que o país tem a outros mercados. Para isso, as principais medidas são reduzir o desmatamento e recompor florestas.
Iniciativas como a da Alimi Impact Ventures e da Rababonk Foundation, que elaboraram uma avaliação de mercado sobre o investimento de impacto na agricultura climate smart no Brasil, começam a criar conexão entre essas duas pontas – mudanças climáticas e negócios de impacto. “Começamos com um mapeamento de iniciativas de agricultura climate smart no Brasil. Das 50 que encontramos, detalhamos seis com recortes mais aprofundados de caso. Mostramos aos investidores que esses já estão aptos a receber investimento”, diz Angelica Rotondaro, da Alimi Impact Ventures
A Climate Ventures, em parceria com a Climate Launchpad e a Pipe Social, realizou também, em 2018, uma chamada de bons negócios pelo clima, buscando mapear o que já acontece no país. Um diagnóstico inicial apontado é que negócios que trazem soluções em economia da floresta ou energias renováveis muitas vezes não se enxergam como negócios de impacto ou negócios pelo clima. Ao todo, 315 negócios foram analisados pela chamada.
No levantamento não entraram negócios que já estão transacionando, e 40% dos que compõem esse portfólio ainda não tem faturamento. Alguns faturam até R$ 100 mil, e outros chegam a pouco mais de R$ 1 milhão. Praticamente metade da base está buscando aceleração e investimento. Dos que estão captando, uma maioria busca até R$ 500 mil. Na região norte, que concentra 18% do total de negócios mapeados (57), as iniciativas relacionadas à floresta são maioria.
A Climate Ventures trabalha também com um laboratório de inovação, buscando construir e fortalecer ecossistemas, mecanismos financeiros e políticas públicas que facilitem o desenvolvimento de uma nova economia segundo o princípio de manter a floresta viva e de que as pessoas possam ter renda e manter o planeta saudável. Dentro do laboratório surgiram dois protótipos inovadores: Letras de crédito agrário verde e bioagronegócio (integração lavoura, pecuária e floresta).
Uma iniciativa que segue nesse sentido é o cultivo do Café Agroflorestal Apuí, realizado por produtores familiares na cidade de Apuí em parceira com o IDESAM. Pedro Soares destaca que, embora o desmatamento seja a maior fonte de emissões de gases de efeito estufa no Brasil, foi na Amazônia onde se verificou o maior resultado, entre países do mundo inteiro, em termos de redução de emissões. “O desafio é como alavancar novos investimentos com base nisso. No caso do café Apuí, além do café em si, vendemos também redução de emissões através de créditos de carbono. Isso pode ser contabilizado e transacionado, aumentando o potencial de sucesso do empreendimento. ”
Os ingredientes amazônicos que proporcionam sabores peculiares à gastronomia, como tucupi, tacacá, castanhas, jambu e tantos outros que vêm se tornando conhecidos dos paladares de outras partes do Brasil, são também itens importantes a serem incluídos no campo dos negócios de impacto da região.
Um dos quatro negócios a participar da rodada de negócios do FIINSA, a Manioca Sabores da Amazônia percebeu o nicho e vem se estruturando para fornecer esses ingredientes a chefs e pessoas que trabalham com eles em todo o Brasil e até mesmo fora dele.
A ideia do negócio surgiu a partir do trabalho de mais de quatro décadas de mãe e filho – o chef Paulo Martins e Anna Maria – que criaram o restaurante Lá em Casa. O modo como Paulo utilizava os ingredientes locais em seus pratos logo chamou a atenção de chefs do Brasil e do mundo, que passaram a buscar tucupi, jambu e outros itens da cozinha regional. Com os pedidos de envio desses ingredientes ‘exóticos’ para diversas partes do país, que eram remetidos pelo chef via correios, a oportunidade de negócios se desenhou.
A Manioca foi criada em 2014 pela filha de Paulo, Joanna Martins, baseada em três ideias: trabalho com ingredientes da Amazônia, criação de produtos 100% naturais e promoção de comércio justo com produtores, comunidades, cozinheiros e todos que são a base da culinária paraense.
“Temos atualmente 24 fornecedores ativos de insumos amazônicos, dos quais 15 são produtores da agricultura familiar. Em média, 40% de toda a nossa compra vem da agricultura familiar. Os produtores são selecionados pela qualidade de seus produtos e vontade de crescer. Apoiamos essas pessoas com iniciativas de capacitação, acesso a tecnologias e orientação para melhoria na padronização do produto”, diz Joanna.
O cacau nativo da Amazônia é também outro ingrediente que tem se destacado na elaboração de chocolates. Dois negócios já despontam nesse cenário – o Na’kau e o Chocolate De Mendes -, e ambos já são comercializados fora da região amazônica.
O Na’kau foi lançado em 2017, e além de variedades com diferentes percentuais de cacau, conta ainda com a linha Parcerias Sustentáveis, com versões que misturam ao chocolate alimentos regionais, como o Café Agroflorestal Apuí, a pimenta Baniwa, o cupuaçu e as castanhas. Traz ainda o selo Origens Brasil, do Imaflora, que atesta o respeito aos territórios de diversidade socioambiental.
O Chocolate De Mendes foi criado em 2014, explorando também o terroir do cacau amazônico, tendo como pilares de produção o uso exclusive desse fruto nativo e a associação com comunidades tradicionais no processo produtivo.
→ Para saber um pouco mais sobre o set de gastronomia no FIINSA, clique aqui
Medir resultados ainda é um ponto que gera insegurança no campo dos negócios de impacto. E muito disso decorre de não haver ainda um consenso sobre o que é exatamente impacto.
Antonio Ribeiro, da Move Social – que trabalha para apoiar organizações na ampliação e qualificação dos impactos sociais e ambientais de suas ações -, apontou, durante o FIINSA, que embora não haja esse consenso, o impacto deve ser entendido como toda mudança que se dá. “Há diferenças quanto a isso. Há quem defenda impacto como qualquer transformação, e há quem diga que impacto é aquela mudança mais de longo prazo, mais complexa. E os desafios são vários, para além desse ponto de partida. É responsabilidade só do empreendedor medir esse impacto? A Move entende que não. Que ele tem muito que fazer: colocar o negócio de pé, fazer funcionar. É uma responsabilidade do ecossistema”.
Na Fundação Boticário, o trabalho se concentrou em encontrar indicadores que conectassem o social com o ambiental, que fossem socioambientais. Essa divisão por muito tempo vem embaralhando as equações, e no caso da perda da biodiversidade e de colapso ecossistêmico, o impacto tem também aspectos econômicos e sociais. Não é possível analisar separadamente esses aspectos, estão interconectados, diz Fernando Campos.
Claudio Padua, do IPE, qualifica a caixa de ferramentas para medir impacto como imensa e fantástica, mas admite que essa variedade pode gerar confusão. Como exemplo disso ele cita o caso de uma senhora, companheira de curso em Harvard, que tirou do crime dezenas de jovens com seu trabalho e não conseguia financiamento porque não conseguia provar o impacto das ações. “Temos que ter um cuidado grande com esse processo. É importante medir o impacto, mas isso não pode ser tudo”.
Para a Move Social, ir para uma avaliação sem ter uma teoria de mudança não funciona. Após sofrer muito com mensuração, a organização começou a trabalhar com teoria de mudança em 2012. E em 2018, lançou o Modelo C, que é uma estrutura de provocação para pensar as duas coisas juntas, entendendo que o fluxo de impacto deve estar vinculado ao modelo negócios.
→ Acesse a publicação sobre o Modelo C e dicas sobre avaliação e mensuração de impacto
Durante o FIINSA foi divulgado o estudo Investimento na Amazônia: Caminhos para o desenvolvimento sustentável. Realizado pela SITAWI Finanças do Bem com apoio da USAID, CIAT, IDESAM e PPA, o material aponta que novas soluções, baseadas em modelos de negócios inovadores, precisam ser criadas e introduzidas na Amazônia, permitindo o aumento de renda na região sem degradação ambiental. O objetivo de longo prazo seria alterar o perfil de atividade econômica na região. Investimentos com intencionalidade de impacto socioambiental positivo e resultados financeiros seriam uma forma de operar essa transformação.
Dentre os desafios apontados, estão: (1) a pouca disponibilidade de capital de impacto, (2) a necessidade de políticas públicas que atendam às necessidades das comunidades produtivas da região, (3) a qualificação associada a pesquisa e desenvolvimento, (4) necessidade de ampliar iniciativas de incubação e aceleração de negócios, (5) necessidade de maior conexão entre os atores do ecossistema, (6) logísticas e infraestrutura, (7) violência no campo, (8) necessidade de mudança da cultura empreendedora em relação à pecuária e madeira, (9) alavancar mais negócios na chamada ‘Amazônia profunda’ com mais envolvimento das comunidades tradicionais.
Já as oportunidades incluem: (1) público crescente disposto a consumir produtos com a marca Amazônia e ligados à sociobiodiversidade, (2) novos recursos e modelos de financiamento chegando, (3) uma nova geração que assume os negócios com olhar mais apurado para estas questões e aberta a mudar.
Para Mariano Cenamo, do IDESAM, a realização do FIINSA representa o início de uma jornada para fortalecer o ecossistema de negócios de impacto na região amazônica. “Nós ficamos muito felizes de conseguir trazer, pela primeira vez, um fórum dessa magnitude para Manaus, uma das capitais da Amazônia. Geralmente esses encontros ocorrem em São Paulo, no Rio de Janeiro ou em Brasília e Minas Gerais, e aqui a gente pôde ouvir comunidades, ribeirinhos, indígenas, conversando junto com empreendedores que vieram para cá conhecer um pouco mais de perto os desafios de desenvolver negócios na Amazônia”, avalia.
Para acessar o estudo na íntegra, clique aqui.
Mariano Cenamo avalia o FIINSA:
Impact Hub Manaus aponta expectativas para a próxima edição do FIINSA:
O movimento de impacto na Amazônia está fervilhando: pessoas, ideias e negócios buscando criar soluções inovadoras que gerem impacto positivo na cidade e na floresta.
Muito se fala sobre o potencial da Amazônia, da biodiversidade, da bioeconomia. Cada vez mais os olhos das organizações estão voltados para a floresta. Entretanto, ainda é necessário potencializar o EMPREENDER na região, atraindo jovens, empresas, gestores, empreendedores a entender melhor a floresta e pensar em negócios que tenham impacto positivo ou neutro para desenvolvimento da região.
É urgente fomentar uma nova forma de fazer negócio, um novo modelo que considere o principal ativo, a floresta, e que desperte na nova geração, seja rural ou urbana, uma atitude empreendedora.
O I Fórum de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia veio com a proposta de criar um espaço qualificado de diálogo e troca entre as startups inovadoras amazônicas e os potenciais investidores, nacionais e internacionais. Teve como proposta trazer o estado da arte das finanças sociais e investimentos de impacto na Amazônia, bem como abordar os principais desafios para o desenvolvimento de negócios e empreendedores locais.
A MJV participou ativamente, por meio de uma oficina temática, da 2a edição do Festival de Investimento de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (FIINSA),
Nos dias 29 e 30 de novembro a equipe PPA esteve presente em Manaus, capital do estado do Amazonas, para o 2° Festival de Investimentos
O segmento moveleiro tem um grande papel junto aos debates promovidos no 2º FIINSA, sobre a importância dos negócios de impacto para a região amazônica.
A segunda edição do Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis da Amazônia (Fiinsa), realizada em Manaus, trouxe para a discussão temas de relevância
Realizado nos dias 29 e 30 de novembro, o 2º FIINSA (Festival de Investimentos de Impacto e Negócios Sustentáveis na Amazônia) reuniu empreendedores, investidores, organizações
Primeiro dia do evento reuniu empresários, lideranças indígenas e comunitárias e investidores para falar sobre o ecossistema de impacto da região Painéis com discussões sobre
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Este evento faz parte do Fórum de Finanças Sociais e Negócios de Impacto em Rede.